É impossível ser feliz sozinho

22 de outubro de 2010

            Alí, no escuro do quarto, no silêncio gritante, com o sono que a acordava, tudo parecia mais claro, ela finalmente pôde entender o dia...
            Acordou cedo, assustada, parecia estar atrasada para algum evento importante, mas não, na verdade o seu dia estava completamente livre. Vestiu-se rapidamente, pôs a sua melhor roupa embora não soubesse sequer pra onde ir. Caminhou sem destino até chegar em uma praça próxima de sua casa, sentou-se em um banco de cimento e pôs-se a observar os pássaros, as árvores... o vento batia em sua face e enfim estavam sós, ela e o vento. Ninguém seria melhor companhia naquele momento, ele a acariciava, espalhava algumas lágimas que ousavam estar em seu rosto, ela não sabia o motivo das mesmas, mas quem se importa? Ela também não sabia o motivo da vida...
          Voltou pra casa antes de escurecer, caminhou lentamente por cada cômodo que antecedia o seu quarto, a cama parecia um convite para abafar todas as suas angústias, medos e dores, ela não queria chegar lá. Eu a observei o dia inteiro, agora, lá estava ela, parada na sala, sem saber o que fazer. Eu a via andar de um lado para o outro, o tempo a via passar, mas ela não nos notava. Resolveu ir ao quarto, deitou-se e pôs-se a reflitir...
           Alí, no escuro do quarto, no silêncio gritante, com o sono que a acordava, tudo parecia mais claro, ela finalmente pôde entender o dia. A pressa de viver a fez caminhar sem destino, até parar em bancos quebrados, onde não há conforto, onde não há estabilidade, lembrou-se de um certo rapaz de cimento... O vento estava alí, mas ela não o via, assim como muitos amigos, cujos braços a abraçavam, serviam de consolo. Ela não sabia o motivo de tais lembranças, mas quem se importa? Ela também não sabia o motivo da vida.
           O tempo passava, tudo passava, eu a observava friamente, ela sequer me notava. Eu também não prestei tanta atenção assim, afinal, quase não me dei conta de que eu era ela...

3 comentários:

  1. Gostei, mesmo.
    Acho que ás vezes me perco fora de mim (fora as inúmeras vezes dentro de mim mesmo).
    Ás vezes, é preciso, se perder, para se encontrar.
    Ou continuar procurando um algo mais...
    beijos!
    =]

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  2. ESPETACULAR!
    Crise existencial profunda!
    Bem ontológico, parece até inspirado na obra de Heideger!
    Bem, deve-se, pois, aplaudir de pé este texto!
    Parabéns Naiana, você escreve muito bem!
    Bjoss! Te vejo pelos Bosques!

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  3. Parecem os relátos de brígida lobato!


    gostei



    [essa menina me mata de orgulho]

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