É impossível ser feliz sozinho

26 de abril de 2010

Homicídio

       Eu já não sentia nada, meu rosto ainda estava choroso,mas as lágrimas haviam desistido de sair. Aquele líquido involuntário não manifestava nenhuma tristeza. Sentia-me vazia como a minha casa. Sentada em uma antiga cadeira de balanço, eu lembrava antigos amigos e balanços de outros amores, quando meu telefone tocou:
- Precisamos acertar os detalhes para aquela nossa história.
      Declarou com um nervosismo evidente a pessoa que estava do outro lado da linha...  Era um grande amor do passado e eu já sabia o que ele queria. Tratava-se de um crime perfeito,um homicídio. Eu não o via a muito tempo,porém nos comunicávamos frequentemente por telefone. Percebi que nos últimos dias ele estava confuso, precisando de atenção, eu também sentia o mesmo e por motivos idênticos. Tivemos a idéia de eliminar a razão que nos deixava tão tristes. Marcamos em um local sem muita agitação, na noite que antecedia o meu aniversário.
     Os dias seguintes àquele telefonema pareciam intermináveis, mas eu me preparava ansiosamente para destruir quem estava fazendo- me tanto mal. Eu não precisava de muitas armas,pois com a ajuda do meu eterno amante, tudo ficaria mais fácil, ele acertaria todos os detalhes.
     Era chegado o grande dia, tomei cuidado com a roupa, vesti-me com a minha calça preta favorita e uma blusa sem brilhos, não queria ser notada. Cheguei ao local marcado primeiro que o meu acompanhante, sentei em uma mesa afastada, quando o vi chegar. A tristeza de outrora já não fazia nenhum sentido, levantei-me rapidamente e o abracei como se nunca mais fôssemos nos soltar, a saudade estava morrendo e não deixamos nenhum vestígio deste crime. Todo o sentimento de perda que a define era silenciado abraço após abraço, até chegar ao fim da noite e percebermos que ela já não existia. No túmulo, um epitáfio longo, no meu coração, a esperança de que jamais deixarei renascer a saudade que tive do meu grande amor.

11 comentários:

  1. Me senti num encontro lá no boliche do North
    naquelas mesinha de ferro. (risos)

    Ameiiii *-*

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Ah, você muda de "layout" como quem muda de idéia, de roupa, de gosto, de cor...
    Como se você escrevesse cada texto em um caderno diferente. Muda a capa, mas o vazio da página em branco é a mesma em qualquer caderno..

    ResponderExcluir
  4. Sobre o talvez...
    Você falou dos crimes perfeitos e eu sou suspeito para falar do humberto e uso sua fala:


    "... mas o quase tudo
    quase sempre é quase nada
    e nada nos protege de uma vida sem sentido..."

    ResponderExcluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  8. A parte errada é você achar que eu disse que há algo errado. Você muda sempre o layout. Não há valorações nisso. Exceto minha preferência pelo fundo branco por ficar mais fácil de ler.

    ResponderExcluir
  9. eeeeita! quem dá mais, quem dá mais??? hahahaha

    ResponderExcluir